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Saúde
Os Biólogos e a Formação/Actualização Profissional

“Tenho a ideia de que um biólogo está constantemente por detrás dos avanços da ciência; estudam assuntos muito interessantes para o progresso do ser humano.“


Resposta de aluno do 12º ano sobre o trabalho dos biólogos, Revista Biologia e Sociedade nº.2, pág. 24.

De facto, o número de biólogos portugueses integrados em grupos de investigação básica continua a crescer, biólogos-cientistas, dirigem grupos de investigação de relevo dentro e fora de Portugal e notícias sobre temas de Biologia, Ciências da Vida e Investigação Biomédica, têm evidenciado biólogos.

Sendo a Biologia Humana e Saúde o tema deste número, destacamos quatro jovens biólogas agora distinguidas pela qualidade dos seus projectos de investigação nesta área

Leonor Sarmento, em “Grande Plano“ e, nesta página, Filipa Mendes e Rosalina Fonseca, premiadas com a Medalha de honra L’Oreal “As Mulheres na Ciência 2006”, em conjunto com a UNESCO e a Fundação para a Ciência e Tecnologia e que tem por objectivo “promover a mulher na ciência e incentivar as mais jovens e promissoras cientistas em início de carreira, a realizarem estudos avançados na área das Ciências da Vida”

Rita Ramalho, estudante de doutoramento, foi distinguida com uma bolsa de financiamento à investigação pela Sociedade Portuguesa de Neurologia e a farmacêutica Pfizer.

Filipa Fenandes Mendes, doutorou-se em Biologia Celular na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL, 2004) com a tese “Expression, Localization and Traffic of Wild -Type and Mutant CFTR Protein” que desenvolveu entre o Instituto Dr. Ricardo Jorge (INSA) e o Departamento de Biologia da Universidade de Virginia, EUA.

É colaboradora pós doutorada na Unidade de Investigação de Fibrose Quística do Centro de Genética Humana do INSA e no grupo de investigação da Prof.ª Drª Margarida Amaral, Departamento de Química e Bioquímica da FCUL. Em 2005 foi distinguida pelo Programa Gulbenkian de Estímulo à Investigação.

Continua a estudar os mecanismos moleculares da Fibrose Quística (FQ). A doença, hereditária e letal, é causada por mutações no gene que codifica a proteína CFTR (Cystic Fibrosis Transmembrane Condutance Regulator), de que já foram descritas mais de 1500 mutações. Esta proteína é um canal de iões cloreto da membrana de células epiteliais polarisadas que revestem as vias respiratórias, o intestino e várias glândulas endócrinas e que, quando activado, é crítico para a regulação da secreção dos iões de cloreto e de fluidos a este nível.

Estudos realizados ao longo da sua tese, permitiram concluir que o defeito de tráfego associado à mutação mais frequente da CFTR em doentes FQ não é total como se pensava e que uma pequena porção da proteína consegue atingir a localização correcta na membrana das células epiteliais.



     


No projecto agora premiado “pretende aprofundar a compreensão dos mecanismos moleculares e celulares da doença, particularmente o transporte intracelular“ e espera que “se adquiram conhecimentos relevantes para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas inovadoras e melhores cuidados de saude para os doentes de Fibrose Quística”


Rosalina Fonseca, doutorada em Neurociências pela Univ. Ludwig-Maximilian, Alemanha, é investigadora no Inst. Gulbenkian de Ciência .

Desenvolve estudos sobre os mecanismos cerebrais que permitem a selecção e integração da informação pelos neurónios ou, como a própria explicou (Público, 26 de Outubro de 2006), procura “...perceber como os neurónios integram a informação proveniente de várias vias de entrada “.

Nas suas experiências pretende estimular neurónios do cérebro de ratinhos por duas vias e avaliar as respostas da célula. Para obter o mapeamento das zonas activadas, vai usar um marcador químico inorgânico que emite fluorescência nas zonas mais irrigadas por cálcio, cuja presença é directamente proporcional à actividade.

O objectivo deste projecto, é “ avaliar a interacção de vários estímulos nos neurónios, do ponto de vista morfológico e anatómico ” para saber se, associadas a essas alterações, também existem alterações morfológicas nas portas de entrada da informação – as dendrites” Dos resultados espera poder “..perceber como o cérebro humano selecciona a informação ou até compreender melhor doenças psiquiátricas como a Esquizofrenia”

Rita Ramalho, é investigadora no Centro de Patogénese Molecular da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa onde termina a tese de doutoramento em colaboração com a Faculdade de Medicina de Nova York e de Yale, sob a orientação da Dr.ª Cecília Rodrigues.

O seu objectivo é estudar a relação entre a proteína β-amiloide e as alterações genéticas associadas à Doença de Alzheimer. Nesta doença neurodegenerativa, a apoptose (morte programada) de neurónios é descontrolada e os seus mecanismos desconhecidos.

A proteína β-amiloide é normalmente destruída pelas células quando se acumula à sua volta, mas nesta doença os neurónios não o conseguem fazer, perdem a capacidade de comunicar com as células vizinhas e morrem.

Na sua investigação vai tentar perceber os processos conducentes à apoptose dos neurónios quando expostos a esta proteína e se eles serão condicionados por anomalias genéticas relacionadas com formas familiares da doença.


Emília Arranhado
Especialista em Imunologia

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Última actualização: 31.01.2007